Imagem do Brasil

Autor: Luiz Almeida Marins Filho

Uma coisa é certa: a imagem que nós recebemos, no Brasil, dos outros países, é muito mais positiva do que a realidade. Acho que precisamos educar todos os brasileiros em marketing.
Essa de confundir os governantes com a Pátria é boa. E isso acontece porque ninguém se sente parte do Brasil. Falamos da Nação como se fosse terra dos outros. Se dizemos "O Brasil é uma m*", esquecemos que somos parte dele, e que parte da responsabilidade é nossa.
Uma das explicações é a formação do povo, e a falta de identidade. O que é um brasileiro? Vemos famílias italianas, orientais, alemãs etc. preservando a cultura e hábitos de seus países de origem, torcendo por eles em competições esportivas, chorando os falecimentos dos seus governantes. Mas essas pessoas não estão morando no Brasil? E seus filhos não são brasileiros?
Na verdade, a utopia que eu gostaria de ver na prática seria o mundo sem nações e sem fronteiras. Mas, enquanto isso não é possível, precisamos gostar da nossa terrinha, que é maravilhosa (quanto mais você conhece os outros lugares, mais valoriza a nossa natureza). O que está errado no Brasil? As pessoas? Por que? Falta-lhes a habilidade para pensar no bem comum, na sociedade, e não apenas em si. Por que? Porque maus governos não oferecem oportunidades iguais, o que força as pessoas a se virarem para sobreviverem ou construírem um patrimônio, e isso as torna egoístas. Por que? E por ai vai...
O maior problema do Brasil, é a baixa auto-estima do brasileiro. Professor James Heckman - Prêmio Nobel de Economia 2000 - Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2000
Tem toda razão o prêmio Nobel de Economia, Professor James Heckman. Talvez um dos maiores problemas que tenhamos no Brasil seja a baixa auto-estima do brasileiro. Como eu sempre digo, o Brasil é um cálice de vinho com meio vinho "metade cheia, metade vazia" mas o brasileiro só consegue enxergar a metade vazia do cálice. O brasileiro consegue desacreditar mesmo das notícias comprovadamente boas sobre nosso país. E, pode reparar, dá crédito a todas as notícias ruins, sem delas duvidar ou sem conhecer as fontes. Assim, quando os números da inflação, do desemprego ou quaisquer outros negativos sobem, todos comentam e dizem Êta Brasil! Isto não vai mesmo pra frente!?. E quando os números são positivos, a inflação baixa, o desemprego cai, a criminalidade diminui, logo dizem: "O Governo pensa que pode enganar a gente com essa mentira toda...". Mesmo que os números positivos nem sejam de organismos do governo. Outro dia vi empresários e pessoas de certa cultura dizendo que a FIPE(USP) e FGV - Fundação Getúlio Vargas. "são órgãos do governo e manipulam todas as estatísticas...." (sic), sendo que todos sabemos serem órgãos dos mais sérios e totalmente desvinculados do governo.
O argentino não fala mal da Argentina para estrangeiros. O americano morre e não fala mal dos Estados Unidos para um não-americano. O alemão só elogia o seu país para os de fora. Mas nós brasileiros temos o incrível hábito de só falar mal do Brasil para nós mesmos e para estrangeiros. Quando o IBGE mostra dados cada vez mais positivos do Brasil, não acreditamos. Quando economistas do mundo inteiro elogiam o Brasil, dizemos que eles não vivem aqui e não sabem a ?desgraça? que é este país. Mas quando alguém fala mal do Brasil? logo concordamos? e incentivamos, e ajudamos.
No Brasil confundimos a "Nação" com o "Governo". A imprensa não fala bem do Brasil porque tem medo de ser considerada "atrelada ao governo". A maior parte da imprensa (jornais, revistas, TVs, rádios, etc.) em vez de mostrar fatos e dados "negativos e positivos" faz a vez de ?partido de oposição? o que absolutamente não deve ser o seu papel diante dos fatos.
Nesta semana, pense nisso. Não terá razão o Prêmio Nobel de Economia, Prof. James Heckman, quando diz que "o maior problema do Brasil é a baixa auto-estima do brasileiro"? Será que melhorando nossa auto-estima não seríamos capazes de fazer um país realmente melhor, com pessoas mais felizes, torcendo para o sucesso ao invés do fracasso; elogiando o certo ao invés de só criticar o erro e ajudando a encher a parte vazia do cálice? Pense nisso.


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