As três cantarinhas

Autor: Humberto Pinho da Silva

Contato: humbertopinhodasilva@gmail.com

Tenho, na gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa. Três bonitas cantarinhas, autografadas. Recebi-as numa tarde soalheira de maio, cheias de sol e amor. Uma, deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. E se voltar, será transubstanciado em: luz e amor. As outras duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade. Naquela tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos, repletos de cantarinhas. Eram todas em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com amor e carinho. Raparigas travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e, mirando-me de soslaio, perpassavam por mim. Mocinhas sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostos trigueiros, sorrindo…; mas nenhuma oferecia-me cantarinhas… Tinham namorado; e as que não tinham, buscavam-no.
Não eu; pobre solitário, que em dia de sol, de vento fresco e acariciador, passeava entre fogosa meninada, que comprava dúzias de cantarinhas. Porém, ao pôr-do-sol, ao recolher da tarde, duas lindas meninas, brindaram-me com duas amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita. Uma, é “alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e graciosa, tem no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho. Quase cinco décadas passaram. Passaram, também, ilusões e risonhos sonhos da juventude; mas, na gavetinha das recordações, há, bem aconchegadas, três cantarinhas, pequeninas, que três jovens, em tépido dia de Maio, ofereceram-me com carinho e amor. Como é bom recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração… A Feira das Cantarinhas, realiza-se no primeiro fim - de- semana de maio.


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