livro Escritores brasileiros Esta poesia recebeu Menção Honrosa no III Concurso Raimundo Correa de Poesias, em 1983... e ...em 2020, a natureza continua sendo destruída...

SUICÍDIO

Hoje eu olhei o verde
Das folhas e plantas
Fortes árvores se elevando
Através dos séculos.
Mas em poucos minutos
Vão cair em meio ao solo
Cada vez mais decadente
Muito mais pobre e doente
Com tamanha erosão
E tão pouca vegetação
Reduzida a vastos pastos
Para servir ao único dono
Que é conhecido por muitos
Pelo nome de humano.

Hoje olhei e vi
Um lindo azul de anil
Vi uma porção no mar
De peixinhos a nadar
Num tempero tropical
Onde o mar vai se afogar
Entre manchas de petróleo
Toneladas de detritos
Sufocando todos eles
Que na praia vão acabar
Numa areia toda suja
Sujeira feita por aquele
Um tal bicho monstruoso
Conhecido por humano.

Hoje eu olhei para o céu
E vi um pássaro a voar
A cantar e a brincar
Para cair numa armadilha
E penar como outros seus
Pelo resto de sua vida
A não ser por um instante
Quando se ouve ao longe
Uma rara melodia
Canção da liberdade
De um que se mandou
Escapando da gaiola
Fabricada por um animal
Chamado humano

Hoje eu olhei para os outros
Animais que não os humanos
Aqueles que vivem nos circos
Levando chicotadas
Aqueles que vivem nos zoológicos
Trancafiados numa jaula
Observados por humanos
Que chegam para admirar
A covardia que foi feita.
Mas pior é lá por dentro
Das poucas matas que resistem
Onde não passam de simples alvos
Para tiros de rifles
Espingardas, carabinas
De animais impunes
Chamados de humanos

Hoje eu vi o clima
A seca do Nordeste
Toda vida se acabando
Vi também muita enchente
Lá no Sul, em Itaipú
Muita mata devastada
Na amazônia, nos pinheirais
Um pantanal desabitado
Sem flora, nenhuma fauna
No céu se agita
A poluição vermelha
De sangue, de lágrimas.
De quem? De todos.
Quem fez? Foi ele
O tal, o humano

Imundo habitante deste mundo
Amaldiçoado pelo que fez
Condenado pelo que faz
Longe da redenção
Dos miseráveis arrependidos.
Coisa que não acontece
Com os prepotentes humanos
Sem olhos para a verdade.
Que é cruel para com os seus
Pois toda vida acabará
Quando a última árvore cair
A última gota do mar se envenenar
A última molécula de oxigênio
Se carbonizar para não mais voltar.