Zé e Jesus

Todos os dias, pontualmente ao meio dia, um homem maltrapilho e sujo, entrava correndo na igreja, ajoelhava em frente ao altar, fazia o sinal da cruz e voltava correndo para a rua, do mesmo modo como entrou.
Admirado com a repetição diária da cena, o padre não se importou dizendo para si mesmo que a casa de Deus está aberta a todos. Mas acabou ficando tão incomodado com aquilo, que resolveu esperar o homem na saída da igreja.
Segurou-o pelo braço e perguntou:
- Quem é você?
- E porque você entra correndo e sai correndo em vez de assistir a missa toda?
Ao que o homem respondeu:
- Eu sou o Zé e não tenho tempo para assistir a missa toda por que tenho que trabalhar nas ruas, por isso passo sempre aqui e entro rapidinho só para falar com Jesus.
- Como é que você faz isso correndo desse jeito?
- Claro que Jesus não vai te ouvir!... Falou o Padre.
E o homem:
- Não sei se Ele ouve ou não Padre...
- Mas eu não deixo de falar com ele.
- Entro, ajoelho e digo:
- Oi Jesus... tudo bem? Aqui é o Zé.
Passado algum tempo, o Zé foi atropelado nas ruas e ficou muito mal, durante muito tempo. Assim que começou a se restabelecer, a Madre que tomava conta daquela enfermaria, cheia de indigentes e desvalidos, ficou surpresa com o Zé. Ele estava sempre bem e conseguia passar aos outros internos um pouco de alegria e conforto.
- Ô Zé, como é que você não tendo ninguém nem nada no mundo, todo quebrado, quase morreu, ainda tem alegria para compartilhar com os outros?
Eu não entendo.
Ao que o Zé Respondeu:
- Ah Irmã, eu acho que é por causa da visita que recebo todos os dias, pontualmente ao meio dia...
- Que visita? Você está variando homem?
- Ninguém vem te ver...
- Claro que vem Irmã!
- Todos os dias, ao meio dia ele chega ao pé da minha cama e diz:
- Oi Zé!... Tudo bem?... Aqui é Jesus...

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