O meu maior problema com este comentário é lutar contra a vontade emergente de transcrever na totalidade os textos de Almada sem deixar uma só palavra de fora. Isto porque o livro é um todo formado por III Partes seguidas pelas "Démarches para a Invenção" e acompanhadas por "Confidencias mais Intimidades Geraes" que, se tiradas do seu contexto perdem não só em significado, como em termos rítmicos e até metafóricos. Além disso, a minha vontade era mesmo partilhar com todos o prazer imenso que retiro desta leitura!
Assim, e na impossibilidade de vos deixar aqui a imensidão poética deste 'dia claro', derramo apenas um pouco do muito que nos dá a beber Almada Negreiros, apenas o necessário para humedecer os lábios de vontade de ler o todo desta belíssima edição fac-similada do "primeiro milhar" impresso "aos trinta dias do mez de novembro de mil novecentos e vinte e um, nas Oficinas da Sociedade Nacional de Tipografia".
"Entrei numa livraria. Puz-me a contar os livros que ha para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria.
Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido."
Pág. 11 (O Livro)
" O preço de uma pessôa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessôas . As palavras dançam nos olhos das pessôas conforme o palco dos olhos de cada um."
Pág. 19 (As Palvras)
" Quando copiei pela ultima vez a Invenção do Dia Claro, sobejou uma frase que não me recordo a que alturas pertence. A frase é esta:
Ha systemas para todas as coisas que nos ajudam a saber amar, só não ha systemas para saber amar!"
Pág. 44 (Uma frase que sobejou)
Para finalizar, que o dia já vai alto, gostava muito de deixar mais um cheirinho, o magnífico texto "A Verdade" (Pág. 45) mas como é extenso (e antes que acabe mesmo por copiar todo o livro) terei de me ficar pela menção da sua genialidade!
Fonte: companhiadasletras.blogspot.com
|