Pouco se sabe com exactidão sobre a biografia de Bernardim Ribeiro, poeta e novelista português. Colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, pertenceu a roda dos poetas palacianos como Sá de Miranda, Garcia de Resende, Gil Vicente e outros. Esteve algum tempo em Itália, onde tomou contacto com as inovações literárias. Foi nomeado escrivão da Câmara de D. Joao III em 1524.
Provavelmente terá nascido na vila de Torrão, Alcácer do Sal no ano de 1482. Terá frequentado a universidade de 1507 a 1512. Deve ter morrido entre 1552 e 1553, no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.
A sua obra compõe-se de doze composições, insertas no Cancioneiro Geral, quatro éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol, a novela Menina e Moça.
António José Saraiva e Óscar Lopes afirmam em História da Literatura Portuguesa:
"Nesta parte versificada da obra de Bernardim Ribeiro - tanto as líricas do Cancioneiro Geral, como as Éclogas - encontramos alguns temas e lugares-comuns característicos daquele Cancioneiro. Bernardim coisifica a Esperança, o Cuidado, a Mudança, o Tempo, o próprio eu convertido em objecto, ou mim. Combina-os, opõe-nos num jogo de extrema sutileza e de denso significado. A emoção como que se desentranha do sujeito, se objectifica em relação a ele, num desdobramento múltiplo da personalidade, que fica como que assistindo a esse jogo das coisas no qual se converte. O Eu contempla o Mim, o Cuidado, a Esperança, a Mudança que ele próprio foi ou está sendo. Na finura com que se exprime uma tal alienação psíquica, há uma dialéctica precursora da de Fernando Pessoa. (...)
Outro aspecto que salta a vista nestas composições é um certo apego narcísico a dor, ou talvez melhor, uma vontade de viver a dor até ao fim, de a transcender, explorando-a".
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Fonte: clientes.netvisao.pt
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