Castro Alves

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu a 14 de março de 1847, no município de Curralinho (atual Castro Alves), Bahia. Inicia os estudos na Bahia, seguindo depois para Recife, junto com o irmão, José Antônio. No Recife vive experiências que marcam profundamente sua vida: os primeiros sintomas da doença pulmonar; o início de seu romance com a atriz portuguesa Eugênia Câmara; o desequilíbrio mental do irmão. O suicídio de seu irmão ocorre em 1864, mesmo ano em que o poeta inicia seu curso jurídico.
Retorna para a Bahia em 1867, onde a apresentação do drama "Gonzaga ou A Revolução de Minas" traz a consagração popular para o poeta e para Eugênia. Vai para São Paulo junto com o amigo Rui Barbosa e Eugênia Câmara. A 7 de setembro, na sessão magna comemorativa da Independência, declama pela primeira vez o poema "Navio Negreiro". Ao final do ano, fere acidentalmente o pé com uma arma de fogo que carregava a tiracolo durante uma caçada. Em 1869 amputa o pé e retira-se na Bahia, lá ocorre o agravamento da doença pulmonar. No dia 6 de julho de 1871, às 15h30min, falece o poeta, junto a uma janela banhada de sol, como era seu último desejo.
Castro Alves, educado pela literatura de Victor Hugo, tem horizontes mais amplos que os poetas das gerações românticas que o antecederam; apresentava-se interessado não somente pelo "eu" (como todo romântico, cultivou também o egocentrismo), mas também pela realidade que o cercava, num processo de universalização, cantou o amor, a mulher, a morte, o sonho, a República, o abolicionismo, a luta de classes, a igualdade, os oprimidos. Em sua vida boêmia, teve muitos amores, amou e foi amado por várias mulheres, mas, como lembra Jorge Amado em seu "ABC de Castro Alves", a maior de todas as suas noivas foi a Liberdade. Apesar de mostrar tendências realistas em sua temática, o poeta é perfeitamente romântico na forma, entregando-se a exageros nas metáforas, comparações grandiosas, antíteses e hipérboles, típicos do condoreirismo.
Sua poesia lírico-amorosa evolui da idealização para uma concretização das virgens sonhadas pelos românticos (agora existe uma mulher sensual, de carne e osso, individualizada em Eugênia Câmara). A liberdade, o condor voando nos picos andinos, o povo na praça, é isto que vai marcar a poesia social de Castro Alves, denunciadora das grandes desigualdades. Tornou-se célebre por sua obra sobre a escravidão (sendo conhecido como "O Poeta dos Escravos"), é nos versos sobre os escravos que se encontra admiravelmente fundida a efusão lírica e a elência condoreira, como atestam os poemas "Vozes d' África", "Canção do Africano", "Saudação a Palmares", "Tragédia no Lar" (de grande carga dramática) e "Navio Negreiro".