O professor João Ribeiro afirma que "ACHAR é voz arábica que não tinha o sentido, corrente hoje, de descobrir ou encontrar," de onde imagina derivar as palavras achaque, enxaqueca, etc., que equivalem a doenças, mal-estar, defeito ou moléstia.
Enfim, "achar está por achacar e restou penas na locução proposta, tornando-se voz obsoleta nos demais casos. Dar-se por achado é dar-se por achacado e ofendido."
A forma e o sentido da frase já era o mesmo no Cancioneiro Geral, já sendo freqüente nos quinhentistas.
A explicação de João Ribeiro não satisfaz, pois é muito pequena a probabilidade de ter havido o processo fonético que resultaria achar a partir do árabe /as& -s& aka" / ou achaque.
Inclusive, João Ribeiro não persistiu na defesa de sua conjetura nem tentou rebater as críticas de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, como recorda Luís da Câmara Cascudo.
O correspondente etimológico de achar, em castelhano, é ajar e não hallar, opina ainda João Ribeiro, visto que "ajar /é/ maltratar de palabra a alguno para humirllarle", segundo os léxicos castelhanos.
Seria achar um derivado de achanar=achaar=achar?
Esta hipótese, sugerida por Carolina Michaëlis de Vasconcelos, não é de todo improvável. Afinal de contas, esta palavra é um arcaísmo que se revitalizou no Brasil, principalmente no Nordeste e que significa "reduzir ou aniquilar moralmente; abater, humilhar, achatar;" e ainda "dominar, subjugar: Apesar de sua força o adversário terminou achanando-o".
Sendo assim, não se dar por achado pode ser não se dar por achanado, o que parece até mais lógico.
O que é certo é que o verbo achar, em seu significado atual em português, nada tem a ver com a frase em questão.
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