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Cultura: Obra tenta desvendar o enigma que levou ao fim o Banco Pelotense - Por: Ana Cláudia Dias
No dia 5 de fevereiro do próximo ano o Banco Pelotense completaria 100 anos de existência. A instituição financeira privada mais importante da sua época, orgulho dos pelotenses, fechou com 24 anos de atividades. Com a intenção de resgatar essa história o jornalista Izabelino Tavares escreveu o livro O enigma econômico do século 20: Banco Pelotense. A obra, editada pela Galileu Galilei, ainda não tem data para ser lançada, mas a previsão é de que seja no mês de janeiro.
Em duas ocasiões Izabelino Tavares esteve envolvido em movimentos que tentavam reerguer o Banco Pelotense, nas décadas de 1970 e 1980. Foi nesse período que teve a oportunidade de analisar farto material sobre a instituição, que serviu de subsídio para o livro.
Sobre o fechamento do Banco - final com várias versões - o jornalista não gosta de adiantar suas conclusões pessoais. Porém, na obra relata uma série de infortúnios que podem ter levado a instituição à falência. "Má administração, bens imobilizados e vingança de Getúlio Vargas são algumas das hipóteses", comentou.
Segundo o relato de Tavares, o banco contou com 143 acionistas, que subscreveram 15 mil ações. Dez anos depois eram 371 com 50 mil e em dezembro de 1929 registrava-se 782, acionistas com o montante de 150 mil. As famílias Assumpção e Osório detinham 9% do seu capital.
Os primeiros diretores foram o líder coronel Alberto Rosa e Plotino Amaro Duarte. No Conselho Fiscal, o doutor Assumpção, Eduardo Siqueira e o barão do Arroio Grande. Adriano Rocha e José Kramer como suplentes do Conselho.
Várias hipóteses para a falência:
O patrimônio da instituição era fabuloso, até a área onde hoje é o aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, pertencia ao banco, comentou o jornalista. "O banco dava aval ao governo da República e ainda tinha filiais fora do Brasil", acrescentou.
Por esses e outros motivos que os pelotenses até hoje não entendem o que aconteceu. "A falta de empreendedorismo e o receio de investir, que pairou por muitos anos, vêm deste acontecimento", argumentou.
Mas Izabelino Tavares não livra de culpas Getúlio Vargas, então governador do estado. "Getúlio criou um decreto que alterava a ação bancária e todas as sanções se encaixaram como uma luva no Banco." Essa atitude seria uma estratégia do governador para vingar o suicídio de seu sogro, o coronel Antônio Sarmanho, ex-gerente da filial do Banco Pelotense em São Borja. De acordo com Tavares a filial teria sérias dívidas ocasionadas por empréstimos volumosos. "Outro problema também estava no grande patrimônio, totalmente imobilizado em terrenos e prédios."
A crise financeira que atravessavam os pecuaristas da região, em luta para manter a mesma prosperidade depois do fim do ciclo do charque, também seria outro agravante. "Os pecuaristas eram clientes importantes, mas não ofereciam garantias reais para o pagamento de empréstimos", assinalou. Há também a teoria de que os proprietários teriam imobilizado excessivamente o dinheiro em bens como terrenos e prédios. Até hoje essas hipóteses são aventadas, mas nada ficou absolutamente confirmado. O tema ainda é um tabu para algumas famílias pelotenses. "É difícil falar sobre o assunto, pois até hoje muitos sócios não foram ressarcidos", avaliou Tavares.
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