Em primeiro lugar, a imaginação. A criança é naturalmente levada a desconfiar dos livros que lhe vêm tolher a liberdade, que é o melhor dos seus bens. Tudo que, na infância, impede o movimento é feita contra a natureza e suportado a contra gosto. É mister, portanto, compensar essa inevitável supressão pela imaginação. Esta recompõe, com o repouso do corpo, o mais agitado dos mundos.
A movimentação é outro requisito da obra infantil. A criança é incapaz de uma atenção demorada; irá interessar-se pelos livros onde em todo momento apareçam fatos novos e interessantes, cheio de peripécias e situações imprevistas, movimentando-se as personagens constantemente. Não se trata do que pensaram as pessoas, ou do que sentiram, mas do que fizeram.
Uma boa técnica de desenvolvimento é indispensável à obra. O autor terá mais sucesso entre as crianças, se evitar descrições e digressões longas, ainda que muito pitorescas, que não tenham nada com o fio de ação da história. Em geral, elas interrompem a movimentação, e o resultado disso não será o desejado pelo autor. A narrativa precisa correr a galope, sem nenhum efeito literário.
A qualidade da forma é outra característica que não deve ser descuidada. O valor estético não pode ser relegado, sob o pretexto de que se escreve para crianças. Lembramos que o texto para crianças deve ser igual ao dos adultos, só que melhor.
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