A literatura infantil influi e quer influir em todos os aspectos da educação. Assim, nas três áreas vitais do homem (atividade, inteligência e afetividade), em que a educação deve promover mudanças de comportamento, a literatura infantil tem a sua função.
A leitura rápida e compreensiva do texto é um automatismo a ser desenvolvido também pela literatura. A leitura reflexiva; a aprendizagem de termos e de conceitos; conseguem-se também pela leitura. As preferências, os ideais e as atitudes, como o gosto pela leitura, o amor às nossas coisas, são atingidos através da literatura.
As funções da literatura infantil são, portanto, amplas. O modo mais comum de apresentar os seus objetivos se faz tratando-se de suas finalidades mais abrangentes: educar, instruir e distrair.
Das três, a mais importante é a terceira. Deve ser a preocupação primeira do escritor infantil, porque o interesse pelo livro existirá a partir dela. O prazer deve envolver as Ideias e os ideais que queremos transmitir à criança. Se não houver a arte, que traz o prazer, a obra não será literária, e sim didática. E, naturalmente, não terá eficácia e a segurança cientifica do livro didático. Se tivermos de escolher entre um livro que só apenas eduque ou instrua e outro que só divirta a criança, não hesitemos: fiquemos como o que a distrai.
O primeiro será logo posto de lado, e o segundo será sempre valioso: trará à infância o interesse pela leitura, despertará nela a curiosidade intelectual, e lhe proporcionará momentos agradáveis, o que já é uma grande conquista. Temos em nós o grande defeito de precipitar a evolução normal dos espíritos. Para corrigir este impulso, deve haver, justamente por parte dos responsáveis pela educação; uma resistência necessária e lógica. Assistimos, pelo contrário, a essa geral impaciência educativa, que leva pais e mestres a estimularem a rapidez do desenvolvimento, e a distinguirem aqueles que mais rapidamente, sem se indignar com que sacrifícios de higiene física e mental, galgam as etapas da educa, ao e da instrução.
Dois gêneros da literatura infantil tem sido combatidos pelos educadores: o conto de fadas e a fábula. O primeiro, pela fantasia e por trazer às crianças exemplos propícios ao desenvolvimento de más tendências. O Barba Azul, que mata seis esposas; o pai, demente, que quer casar-se com a própria filha; os pais que abandonam os filhos constituem modelos de perversidade capazes de deformar o caráter infantil. Acontece, no entanto, que o que prende a criança à fábula é a narração, e não a moral final apresentada pelo autor.
Outros objetivos da literatura infantil, englobados por certo na função educativa, são o desenvolvimento da sensibilidade e do senso critico. A preocupação com esses aspectos deve existir sempre e desde cedo. Levar os alunos a julgar o que vêem, lêem e ouvem é um dos maiores benefícios que a professora pode fazer às suas crianças. É importante, ainda, a função de, na idade apropriada, trazer a criança, do mundo da fantasia e do sonho para a vida real, que a rodeia. Nutrir o espírito infantil de fatos irreais quando já está preparado e necessitado de fatos mais reais, é, no mínimo, perda de tempo.
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