Senhor, quero ser um daqueles que colocam em risco, que doam a própria vida. Para que serve a vida senão para que seja doada? Senhor, tu que nasceste numa viagem imprevista e que morreste como malfeitor, depois de ter percorrido sem um dinheiro sequer, todos os caminhos. Tira-me de meu egoísmo e das minhas comodidades. Senhor, torna-me disponível para a maravilhosa aventura a que me chamas. Quero empenhar minha vida sobre a tua palavra. Quero apostar minha vida sobre o teu amor. Outros podem ser sábios, Tu me disseste que é preciso ser louco... Outros acreditam na ordem, Tu me disseste de acreditar no amor. Outros pensam que é preciso poupar-se, Tu me disseste de doar... Outros acham uma colocação na vida, Tu me disseste de ir e de estar pronto à alegria, como à dor, à derrota, ao sucesso; de não preocupar-me com a conseqüência. Em fim, disseste-me de arriscar a vida contando no Teu Amor.
Senhor, dá a minha vida o perfume das flores, a pureza das pétalas. Dá-me a luz quente do teu sol, a claridade tranqüila das tuas estrelas. Mas dá-me ainda mais, a coragem de estar sempre pronto a servir os que me cercam, a fazer por eles, se possível, mais do que o preciso, para estar certo de nunca fazer menos que convêm. A coragem para ser o primeiro onde o trabalho é muito e a tarefa é dura.
Senhor, dá-me a retidão dos altos pinheiros que se elevam para o céu. Fazei que a minha generosidade seja como a seiva, que sobe e alimenta. Que a minha alma tenha a limpidez das torrentes que nascem da neve sem mancha. Que a minha vontade seja como granito sem falha. Que em toda vida e ao longo de todos os caminhos, Vós sejais o meu grande companheiro. Que a cruz que se ergue na encruzilhada seja para mim como o encontro de um amigo. E isto, sempre.
Autor desconhecido. Fonte: manuscrito datado de 26/11/1965 encontrado cuidadosamente dobrado dentro de um livro infantil publicado em 1958, adquirido em um sebo de São Paulo.
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