Linguagem: Uma janela para as investigações cérebro/mente
Desde a emergência das Ciências Cognitivas na segunda metade do século XX, sedimenta-se a ideia de que a linguagem humana é, como destacou Pinker, uma verdadeira janela para as investigações cérebro/mente. Vêm contribuindo para isso os paradigmas linguísticos que, embora com diferentes referências, desenvolvem meios teórico-metodológicos para explicitar o funcionamento da linguagem no cérebro. O movimento importante que trouxe um grande impacto para a metateoria das investigações linguísticas foi o deslocamento da tradição social saussuriana e do behaviorismo bloomfieldiano para o cognitivismo representado no que se poderia chamar, como o sugere Chomsky, Biolinguística. De fato, o enraizamento do objeto-linguagem no contexto das Ciências Naturais abriu caminho para programas de investigação na interface com a hoje área interdisciplinar de especial relevância, a Neurociência.
Numa perspectiva não reducionista, aspectos relativos ao lugar da linguagem no cérebro, à aquisição, à compreensão e ao processamento da linguagem, à sua evolução no quadro da espécie humana, aos princípios subjacentes à variedade das línguas são, hoje, temas de indiscutível presença na agenda de quem quer que busque o entendimento do fenômeno linguístico e da forma como o cérebro/mente funciona. Se é verdade que, com o advento das investigações cognitivistas, o impacto sobre a pesquisa acadêmica se acentua, também ao nível do aprendizado e do ensino as repercussões são inquestionáveis. Temas clássicos como a compreensão da leitura, o desenvolvimento da fala e da escrita e o aprendizado de línguas, entre outros, exigem uma reavaliação, agora, sob a ótica dos avanços neurocientíficos.
Extraído do livro “Linguagem e Cognição: Relações Interdisciplinares” - Organizadores: Jorge Campos da Costa e Vera Wannmacher Pereira – Editora PUCRS - Compre e leia o livro. Vale a pena.
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