Eu = A minha pessoa. O ente consciente; a consciência.
Lírico = Diz-se da poesia agradável, suave, doce, terna. Que revela paixão.
Não adianta procurar o significado no dicionário – e nem mesmo em muitas gramáticas e livros de literatura.
O Eu Lírico é quando o poeta expressa sentimentos que não sentiu necessariamente, ou sentiu com uma outra intensidade da realidade, tratando-se então de não ser seu “eu” real, mas de um “eu” poético, ou lírico.
A palavra lírico origina-se de um instrumento musical antigo chamado lira. Este instrumento foi muito utilizado pelos gregos a partir do século XII a.C.
Chamava-se lírica toda canção que era executada ao som da lira, inclusive as expressões poéticas. Porém, o século XV chegou e houve um afastamento do som lírico e da palavra poética, que passou a ser declamada.
Podemos dizer que o Eu Lírico é a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor. O Eu Lírico pode ou não expressar as vivências efetivas do poeta, mas a validade estética do texto independe da sinceridade do mesmo.
Os heterônimos de Fernando Pessoa podem ser considerados Eu Líricos. Um narrador-personagem pode ser considerado um Eu Lírico. Um poema sendo “falado” por uma pedra é um Eu Lírico.
O Eu Lírico é um recurso que possibilita a infinidade criativa dos sentimentos poéticos. Não limita as palavras em apenas um corpo, uma mente, um coração. Consegue pluralizar os sentidos. Assim podemos ser o que quisermos: uma pedra, um animal, uma árvore, outras pessoas. Explorar e incorporar sentimentos dos mais diversos como um ator faz com suas personagens.
O Eu Lírico é uma pessoa que existe sem nunca ter existido, que sente sem nunca ter vivido.
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