O roteiro é uma história contada em imagens, diálogos e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática. O roteiro é como um substantivo — é sobre uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivendo sua "coisa". Todos os roteiros cumprem essa premissa básica. A pessoa é o personagem, e viver sua coisa é a ação. Se o roteiro é uma história contada em imagens, então o que todas as histórias têm em comum? Um início, um meio e um fim, ainda que nem sempre nessa ordem. Se colocássemos um roteiro na parede como uma pintura e olhássemos para ele, ele se pareceria com o diagrama da página 13. Esta estrutura linear básica é a forma do roteiro; ela sustenta todos os elementos do enredo no lugar. Para entender a dinâmica da estrutura, é importante começar com a própria palavra. A origem latina de estrutura, structura, significa "construir" ou "organizar e agrupar elementos diferentes" como um edifício ou um carro.
Mas há outra definição para a palavra estrutura, que é "o relacionamento entre as partes e o todo". As partes e o todo. O xadrez, por exemplo, é um todo composto de quatro partes: as peças — rainha, rei, bispo, torre, cavalo, peões; o jogador ou jogadores, porque alguém tem que jogar o jogo de xadrez; o tabuleiro, porque não se pode jogar xadrez sem ele; e a última coisa de que se necessita para jogar xadrez são as regras, porque elas fazem o jogo da forma que é. Essas quatro coisas — peças, jogador ou jogadores, tabuleiro e regras, as partes — são integradas num todo, e o resultado é o jogo de xadrez. É o relacionamento entre as partes e o todo que determina o jogo. Uma história é um todo, e as partes que a compõem — a ação, personagens, cenas, seqüências, Atos I, II, III, incidentes, episódios, eventos, música, locações, etc. — são o que a formam. Ela é um todo. Estrutura é o que sustenta a história no lugar. É o relacionamento entre essas partes que unifica o roteiro, o todo.
Esse é o paradigma da estrutura dramática. Um paradigma é um modelo, exemplo ou esquema conceituai. O paradigma de uma mesa, por exemplo, é um tampo com quatro pernas. Dentro do paradigma, podemos ter uma mesa baixa, uma mesa alta, uma mesa estreita, uma mesa larga; ou uma mesa circular, uma mesa quadrada, uma mesa retangular; ou uma mesa de vidro, mesa de madeira, mesa de ferro batido, de qualquer tipo, e o paradigma não muda — permanece firme, um tampo com quatro pernas.
Extraído do livro: Manual do roteiro - Autor: Syd Field - (compre e leia o livro, vale a pena)
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