Saudosa Maloca
Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contá
Que acá onde agora está
Esse adifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
E hoje nós pega páia nas gramas do jardim
E prá esquecê, nós cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossas vidas
Autor: Adoniran Barbosa (ouça a música e compre o cd, vale a pena)
E quem é o interlocutor?
O eu lírico em questão navega por dois tempos; o passado e o presente. No passado fica claro que a sua interlocução era com os amigos de maloca; Mato Grosso e Joca. No presente não há uma definição clara e comprovável, mas ao meu ver ele conversa com o atual morador do local, tomando por base a seguinte frase: “Que acá onde agora está”. Outra opção pode ser que ele tenha abordado um transeunte qualquer que passa defronte ao local do acontecimento, até porque ele dá a entender que vive pelas ruas dormindo em jardins.
|