Pergunta: Sobre Infraestrutura e Superestrutura.

Gostaria de saber o que é, e ver alguns exemplos de “ações" e “desvios” em “superestruturas”.

Infraestrutura e Superestrutura são elementos fundamentais no pensamento de Karl Marx em sua crítica à sociedade capitalista. Estes elementos se entrelaçam de forma que a definição não possa ser feita de forma separada, mas a seguir temos duas definições que dão maior destaque a uma e depois a outra:

Infraestrutura: Pode ser definida como a base material sobre a qual se ergue a superestrutura, este, termo definidor do universo humano da abstração, e que concebe a primeira como complexo determinante da segunda, tal como se a existência da mesma fosse mera e imediata consequência da estrutura material, mas para Raymond Williams, em seu livro “Marxismo e literatura”, esta definição deve ser refutada. Segundo ele, o significado etimológico da palavra determinação, fazendo-nos compreendê-lo não restritivamente como querem os debates tradicionais, mas relativamente, como sugere, aliás, o método dialético. Dessa forma, determinar é pensado como condicionar. Assim, a infraestrutura condicionaria a superestrutura, e não a determinaria. Olhando de forma dialética a relação entre os termos, podemos afirmar que, se por um lado a infra-estrutura condiciona a superestrutura, esta, por sua vez, também condiciona a infraestrutura. Dessa forma, se a produção material condiciona a determinada ideologia ou a determinado tipo de consciência, por outro lado, esse mesmo determinado tipo de consciência condiciona a realização daquele também determinado tipo de produção material.

Superestrutura: Segundo Marx, o conjunto das relações de produção, isto é, as formas de apropriação dos meios de produção existentes num determinado período e correspondendo a um determinado estágio de desenvolvimento das forças produtivas, bem como as formas de troca e de distribuição dos bens produzidos, constitui a «base real» sobre a qual se ergue uma «superestrutura jurídica e política». Marx inclui no conceito de “base real” o conjunto das “forças de produção” e “relações de produção”, ou seja, a base real é a estrutura das relações de produção que determinam as relações sociais de todo um modo de produção. Ele afirma que esta “base” é a base material para uma superestrutura constituída pelas “ideias” correntes na sociedade. Ele propõe que a sociedade consiste em dois elementos conjugados - um material, a base - e outro ideal, a superestrutura. A base também é denominada de “infraestrutura”, por semelhança com “superestrutura”.

Ações e Desvios: A lógica dos desvios. Supondo a passagem de “x” para “s” através do tempo, se efetua fora do campo da consciência individual. A passagem é involuntária e passa desapercebida, e esta é a condição de sua realização. A cada época só pode corresponder uma única norma linguística: ou “s” ou “x”. Fora da norma só há lugar para a transgressão, mas não para uma outra norma, contraditória, razão pela qual não poderia existir. Se a transgressão não é percebida como tal e, por isso mesmo, não é corrigida, e se existe um terreno favorável para a generalização do erro (no caso considerado, este terreno favorável é a analogia), então este desvio torna-se a nova norma linguística. Temos aqui, então, um bom exemplo de ação e devio, que vale em todos os âmbitos da sociedade.

Fonte: A “Colcha de retalhos”, Infra-estrutura e superestrutura, Prof. Glauco Barsalini (artigo). www.policamp.edu.br
“Modos de produção” (Curso de iniciação partidária). PCB Partido Comunista Brasileiro
Livros: “Marxismo e literatura”, Raymond Williams
“Marxismo e filosofia da linguagem”, Mikhail Bakhtin
(Compre e leia os livros, vale a pena)

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