Uma das maiores referências sobre este assunto é Mikhail Bakhtin. Procure pelo livro: Estética da criação verbal. Com base neste autor, a polifonia é a constituição de um tipo de texto em que se deixa perceber a pluralidade de vozes. Num contexto em que múltiplas vozes emergem e se entrecruzam. O sujeito pode se apropriar dessas vozes. E, às vezes, dá um tom pessoal a elas. Noutras vezes, as reproduz tais qual o discurso do outro. Composta por fios ideológicos de vozes que polemizam entre si, se completam ou respondem umas às outras. O sujeito comumente constitui o seu discurso a partir do discurso do outro. Trata-se de um processo de troca dialógica em que o eu vai se reconhecer interagindo com o outro. O discurso é atravessado por outros por meio de vozes cruzadas. Compreende-se que podem dar-se numa relação contratual, de convergência, de acordo ou polêmica. Nos textos articulam-se falas que não são falas do autor (narrador), mas falas de outras pessoas como se o diálogo do autor (narrador) não pertencesse só a ele mas a várias outras pessoas, e é justamente nisto que se constitui o princípio da polifonia. Considerando que o enunciado revela sempre duas posições, a sua e aquela à qual se opõe.