As políticas sociais públicas surgiram na Europa, no século dezenove, como tentativa de deter o avanço dos conflitos resultantes da reação popular aos fortes problemas sociais causados pela revolução industrial. Tempo em que o Capital fluiu para alguns e o Trabalho fluiu para muitos, deixando um abismo imenso entre estas duas "espécies" humanas, abismo este onde eram lançados os "espécimes" humanos que não se enquadravam em nenhum dos lados.
Estas políticas sociais se diferem muito de país para país, de acordo com as necessidades particulares de cada um deles. Elas estão presentes tanto em regimes comunistas, quanto em regimes extremamente capitalistas. Isto porque o objetivo principal delas na maioria dos casos não é assistir os mais necessitados, mas sim evitar uma convulsão social tamanha que possa colocar em risco a situação confortável dos privilegiados.
Diria que hoje, o alvo dos governos para a contenção de revoltas, é o "espécime" atirado ao abismo. A "espécie" do Capital está tranquila, nem precisa dizer por que. A "espécie" do trabalho está sob controle, porque recebe para comer, e até um tantinho para se divertir. O problema é quem não tem o dinheiro do Capital e nem a força do Trabalho. Este está alijado da sociedade, e é facilmente lançado à fogueira do inferno da criminalidade.
As políticas sociais iniciadas pelo governo FHC, e amplamente expandidas pelo governo Lula, visam, acima de tudo, conter a escalada de criminalidade que vinha e ainda vem assombrando a sociedade. Particularmente a sociedade do Capital, que é quem determina o curso de tudo, inclusive das políticas sociais públicas.
Autor: Arnold Gonçalves
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