A qualidade no atendimento envolve diversos atores na cena, os quais vou generalizar da seguinte forma: cliente, atendente e empresa.
O cliente é o clássico comprador, usuário, freguês, etc. Todos nós somos "clientes" diariamente, e nesta posição nos tornamos exigentes, impacientes, arrogantes e muitos "entes" que tais. Por estar "pagando" queremos ser tratados como rei, algo além do que realmente somos. É certo que muitas vezes perdemos horas em filas e aeroportos, mas não resolve nada perder a cabeça e xingar quem não vai resolver nada. Comece a mudar a realidade, mudando seus hábitos de consumo. Jesus falou alguma coisa sobre os direitos do consumidor? Devagar com a dor que o santo é de barro. Ninguém está na terra para ser servido. Se você é cristão então... Nem precisa comentar.
O atendente é o para raio da empresa, ele está atrás de balcão pronto para servir, e também ser humilhado continuamente. Ele é um ser humano que vai trabalhar com gripe, tpm, um pai doente em casa, um filho sozinho na rua... Só que ele é obrigado a estampar um sorriso na boca, se embelezar como se fosse a um casamento todo dia, ouvir milhares de metas a serem cumpridas e os milhões de reclamações numa boa. Mas o pior é que assim que ele sai do trabalho e entra na primeira loja se torna um cliente com os mesmos "entes" de todos os outros. O profissional do atendimento deve reciclar seus pensamentos, nem tanto ao céu, nem tanto a terra. Não deve odiar o cliente e empurrar tudo que a empresa pede para vender, nem odiar a empresa e boicotá-la através de desperdícios, depredações e corpo mole no trabalho.
A empresa só pensa no capital. Tudo é feito pensando em aumentar o lucro. É ridículo quando vamos a um banco e o atendente é obrigado a servir um cafezinho quando vê dez mil parados na conta; e é obrigado a não servir o cafezinho quando estamos com mil negativos na mesma conta. O capitalismo, na forma em que se desenha na atualidade, continua totalmente anticristão, apesar de bem mais disfarçado do que vimos no século passado. Para a empresa, o cliente é um saco de dinheiro, e o atendente é um escravo que não pode ser chicoteado. Alguns dizem que a empresa tem a função social de melhorar a sociedade, e é verdade que ela nos traz o luxo, mas ainda procuro uma que proporcione a evolução do ser como humano.
Autor: Arnold Gonçalves
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