Estar no estaleiro é sinônimo de problema aqui no Brasil, mas não é o que os chineses, japoneses e coreanos acham. Eles faturam muito com este ótimo negócio que é o de construção e manutenção de navios. São os três maiores neste mercado competitivo. O Brasil chegou a ficar na segunda colocação mundial neste seguimento, mas foi durante a época da ditadura e o segredo do grande movimento era o fornecimento de naves para o próprio regime militar brasileiro. Pouco era comercializado para o exterior, sendo assim, com o fim do regime militar, a produção naval brasileira despencou para a quase nulidade. Nos últimos anos, o governo vem fazendo tímidas investidas com o objetivo de incrementar este nicho econômico, mas vai demorar para o Brasil voltar a ter alguma representatividade mundial neste ambiente da economia.
Historicamente, os estaleiros e a construção naval tiveram uma ligação constante com o movimento militar dos países produtores. A história da expansão portuguesa, o predomínio britânico sobre as águas mundiais, os inovadores submarinos alemães, gigantescos porta-aviões norte-americanos, as mais diversas variedades de lanchas e naves de movimento rápido como as usadas pelos italianos, etc. Estaleiros voltados para o mercado, somente os japoneses; eles lançaram mão de sua necessidade de navegação constante, por serem uma ilha, e transformaram isso num grande negócio, um de seus propulsores econômicos pós segunda guerra mundial.
O futuro nos diz que cada vez mais os estaleiros sairão das mãos dos almirantes e passarão para as mãos dos capitalistas. A capacidade bélica de um navio continua enorme, mas já não é tão crucial como já foi no passado recente. Mísseis podem ser lançados de qualquer lugar, aviões podem dar a volta no globo, e muitas bases militares já foram montadas em pontos estratégicos; esses são apenas alguns exemplos de variações bélicas que reduzem a necessidade dos navios de combate. Com isso, começa a aparecer uma certa ociosidade neste ramo bélico industrial, e a saída é o comércio civil. Futuramente teremos uma grande quantidade de empresas e pessoas com seu próprio navio, iate ou lancha. A marinha mercante crescerá muito ainda, e a marinha turística então, ainda é um bebezinho. Quanto mercado turístico ainda está aberto para ser explorado, e o Brasil precisa abrir os olhos para isso. Com a imensidão de mar que tem o Brasil, é obrigatório que seja um dos maiores produtores navais do planeta.
Autor: Arnold Gonçalves
|