Todos nós sabemos que é direito fundamental do cidadão ter acesso ao sistema de saúde quando fazer-se necessário. Sabemos também, que mesmo tendo as garantias registradas na constituição, muitas vezes o cidadão não encontra atendimento adequado e por vezes acaba sendo levado ao óbito, ou a conviver com graves sequelas. Algumas alas políticas defendem um investimento público maior para regularizar o setor, outras, no entanto, pregam justamente o contrário, e que o dever do investimento seja repassado ao empresariado, assim como o poder de exploração da saúde como negócio. Ao paciente pouco importa, desde que tenha acesso real a saúde em todos os seus níveis.
A rede privada de saúde prima por ofertar muitos benefícios, mas sempre estar atenta à todas as linhas do contrato, não abrindo exceção de atendimento em hipótese alguma, causando ou não grandes danos ao associado. Justamente pelo fato de explorar a saúde como negócio, pode obter vultosas verbas e, por não estar emperrada na burocracia, utiliza-las rapidamente em prol da modernidade e aprimoramento. Também pelo fato de gerir a saúde como um negócio, está sempre mais atenta às novidades e as adere com rapidez a fim de obter lucros antes dos concorrentes. O grande problema da saúde privada é que só tem acesso quem pode pagar. E o que é pior? Quanto mais velha a pessoa, mais caro vai ficando o seu plano, até chegar um ponto em que tem que abandonar, mesmo tendo passado toda a juventude pagando sem usar.
A rede pública de saúde é quase sempre insuficiente para atender as necessidades da população. As filas dobram esquinas e por muitas vezes o cidadão termina o dia sem ser atendido, mesmo tendo madrugado na porta do local. Os equipamentos muitas vezes obsoletos, em outras, encostados, mesmo sendo de última geração. Faltam profissionais para manuseá-los, faltam implementos e materiais. Falta leito, falta prédio, quarto... vontade. Tudo que não é pago, parece não ter valor. Como não, se o governo investe vultosa soma anualmente neste setor, e o ministério da saúde sempre foi um dos mais importantes no tocante as verbas. É triste, mas quem precisou ser atendido sabe, dá medo. É fácil pensar que não saíra vivo dali.
O que se tem visto ultimamente é um entrelaçamento cada vez maior entre as saúdes pública e privada. Em cidades pequenas os convênios entre prefeituras e cooperativas estão dando algum impulso ao atendimento. Hospitais públicos tendem a tratar as doenças graves, aqueles casos em que o setor privado não quer lidar, e julga melhor pagar para o setor público resolver. Estes encaram esta situação como uma forma de obter mais recursos. Muitos questionam que esta situação afastará os mais pobres do atendimento médico de excelência, mas não se preocupem, pois eles sempre estiveram fora. E, se esta comunhão público-privado melhorar que seja um pouco a situação da saúde no Brasil já terá um avanço. Não custa tentar, pois realmente, o povo não tem nada a perder.
Autor: Arnold Gonçalves
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