Esta frase ficou famosa através do filme “Sociedade dos poetas mortos”, e provém de um poema escrito em latim e atribuído a Horácio, pouco antes do surgimento da era cristã. Dizia respeito ao período de decadência do império romano, o chamado tempo do cada um por si, ou carpe diem, aproveite cada momento disponível, pois não se sabe o que virá a seguir. Retratava o desespero dos tempos de implosão das estruturas do grande império.
Diferentemente da ideia original, este conteúdo ganhou conotação positivista, e passou a designar o desejo e a busca pelas mudanças e transformações da realidade em um futuro de aparência utópica, porém, possível. Prega o imediatismo do prazer e alegria, diante de um quadro irreversível de realidade sofrida. A estagnação e a continuidade devem ser abandonadas em nome da ação e quebra do cotidiano, com a finalidade de experimentar um prazer inacessível em se mantendo o estado das coisas.
Este rompimento com a realidade que nos cerca pode remeter a um resultado desastroso se for levado ao pé da letra, ou simplesmente chegarmos ao mesmo ponto que chegaríamos na vida sem grandes ações de risco. Viver cem anos a mil, ou mil anos a cem? É só uma questão de ponto de vista, no final, a matemática vai mostrar um resultado absolutamente igual. Como tudo na vida, há que se refletir a respeito e decidir a hora certa de se manter na linha de conduta social esperada, ou arriscar-se.
Podemos dizer que vivemos em um novo tempo de carpe diem. O sistema capitalista predatório, mesmo em países ditos comunistas, onde há a empresa governo, estão minando todos os recursos naturais. Inclui-se aqui o ser humano, explorado como nunca foi antes, vivenciando uma falsa expectativa de sucesso, de vencer na vida. Por conta disso, muitos se questionam se não está na hora de fazer o que gosta, pois o tempo passa, e esta juventude tão vigorosa, amanhã estará decompondo.
Autor: Arnold Gonçalves
|