Nas mais diversas formas de seleções profissionais somos exigidos a expor nossas qualidades e defeitos, características que até nós mesmos desconhecemos existir a nosso respeito. Somos testados até o limite com a finalidade de apurar as nossas tendências e limitações. Ocorre que muito raramente nos deparamos com o inverso, com a outra face deste relacionamento profissional, que no molde atual se assemelha mais a um convívio escravocrata.
O que a empresa teria a nos oferecer além de um salário comumente alinhado com as demais concorrentes, e sempre no menor patamar possível. Algumas fornecem cestas básicas, outras, refeitórios; alguns vendedores recebem um carro para o trabalho, para outros tipos de atividades, acesso a ônibus fretado; há trabalhadores que encontram a disposição ferramentas apropriadas, outros, mobílias confortáveis para o ambiente de trabalho. Dificilmente veremos todos os tipos de benefícios em uma mesma empresa. Cada uma fornece suas quinquilharias e espelhos conforme a recepção favorável de seus colaboradores alienados.
O problema é que nós mesmos não temos em mente o que esperar de uma empresa, além do que seja dinheiro. Não temos um objetivo, um plano de vida que vá adiante da razão financeira. Desta forma fica difícil dizer a respeito de nossas expectativas, que não seja receber um pouco mais do que ganhamos atualmente, e isto, muitas vezes, é muito pouco, e nem chega a fazer cócega no bolso do capitalista. Muito disto é fruto da miséria em que este país vive atolado desde a sua invenção travestida de descoberta.
No passado trabalhávamos desde cedo para “ganhar” dinheiro, e isto descartava qualquer sinal de gostos ou afinidades. A juventude vem transformando este quadro a cada geração. Cada vez mais exigem um plano de vida, que vá além de um emprego. E as empresas devem se envolver nesta nova formulação social, oferecendo padrões de médio e longo prazo para o progresso profissional de seus colaboradores, que já se mostram menos alienados e propensos a se alegrar com qualquer quinquilharia e espelho como recompensa. As empresas devem oferecer uma proposta de evolução profissional que esteja alinhada a uma evolução pessoal de seus colaboradores. Cabe aqui a criatividade e competência tão exigidas pelos empresários, mas desta vez para manter os bons profissionais motivados através de verdadeiras oportunidades de crescimento.
Chega de botons, chaveiros, canetas, placas, etc. Nós, trabalhadores, precisamos de algo menos físico e mais palpável em nosso íntimo de ser humano.
Autor: Arnold Gonçalves
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