Muito já foi dito sobre a coleta seletiva. Não é de hoje que encontramos cestos das mais diversas cores indicando onde descartar o lixo que produzimos interminavelmente. As grandes empresas, os modernos condomínios, escolas, centros comerciais, hospitais... Por toda parte, plástico aqui, papel ali, alimentos acolá. De tempos em tempos surgem campanhas de reforço para nossa difícil doutrinação quanto a importância de separar.
É aqui que noto a contradição. Todos são unanimes em concordar que a reciclagem é do bem. Novidade que veio a muito tempo, mas não envelhece, não amadurece dentro de nosso existir. Não vivenciamos a reciclagem, e com muito esforço descartamos cada coisa no seu devido lugar. Parece ser complexo demais assimilar o conceito de reciclagem num mundo que, por outro lado, nos instrui de forma massacrante a consumir tudo o que for possível.
Muitas prefeituras instituíram o sistema de coleta seletiva do lixo doméstico. Vejo com bons olhos estas ações, mas é muito difícil nos comprometer quando chega o dia seguinte ao marcado para a coleta e nos deparamos com aquele enorme saco recheado de embalagens vazias no mesmo lugar. E por muitas vezes rasgado e com seu conteúdo espalhado pela rua e calçada, após a varredura dos andarilhos catadores de latinhas. Se os governantes não convencem quanto ao valor que realmente dão para este serviço, o que dirá de nós, que temos de juntar tudo de novo e jogar no lixo comum.
É de dar tristeza perceber que este processo de coleta seletiva teve início nos anos noventa e mais de vinte anos depois ainda continua incipiente, e da mesma forma que no início, sobrevivendo apenas pelo apoio de alguns sonhadores e dos desesperados que tentam ganhar algum dinheiro através da acumulação de latinhas e outros metais. Continuamos jogando papel no cesto de vidro, e latinha no cesto de plástico. Definitivamente, o conceito de reciclagem ainda não vingou, não sabemos o significado disso.
Autor: Arnold Gonçalves
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