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Manifestações populares

As manifestações populares que presenciei em minha vida não me pareceram mais que movimentos manipulados por uma força maior, com interesses suspeitos e que iam muito além daquilo que pareciam estar fomentando. Pequenos grupos, com interesses particulares movimentam massas, quase sempre através de promessas explícitas ou não, de futuros benefícios individuais. Fazendo uso do espírito ganancioso e vingativo da maioria das pessoas, estes pequenos grupos manipulam as massas com certa facilidade. Aliado a isto temos a ignorância funcional, é comum vermos pessoas felizes por terem acertado o voto em quem foi eleito. As massas vão seguindo a maioria, basta iniciar o processo e sair de cena, pois a própria massa irá se fazer crescer, tal qual acontece na formatação da massa de um bolo, após a adição do fermento.

Não me lembro, e não creio em uma manifestação genuinamente popular. Mesmo a tão falada “diretas já”, só ocorreu porque um grupo de políticos e empresários não aceitavam de forma alguma que Paulo Maluf viesse a se tornar presidente do Brasil; o que aconteceria, se fosse mantido o padrão de eleição em voga na época. Não discordo de que poderia ter sido péssimo se isto tivesse acontecido, mas daí dizer que houve um genuíno movimento popular há grande distância.

A manifestação popular teria que vir do próprio povo, espontaneamente, mas creio ser isso, movimentação muito difícil de ocorrer naturalmente. O povo não tem tempo além daquele que usa para sobreviver, é preciso trabalhar para poder comer, é sobra pouca coisa para pensar em talvez viver, quanto mais no bem viver. Criado desde o berço para obedecer, pouco pode fazer no que diz respeito ao meditar, para poder rejeitar. Para haver manifestações populares, de verdade, é necessário ao povo subir um degrau na escada da vida, chamado: educar.

Autor: Arnold Gonçalves


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