Muita gente entende este formato de ensino como sendo apenas uma extensão do tempo em que o aluno permanece em ambiente escolar, e que não passa de uma forma de transferir a responsabilidade pelas crianças, da família para a máquina governamental, de forma direta, em escolas públicas; ou indireta, em escolas particulares, que, em sua grande maioria, são acompanhadas e direcionadas de perto por diversos organismos públicos, visando seguir as ideologias associadas ao grupo que detém o poder.
A ideia de educação em tempo integral ganhou muita força com base na necessidade de manter os jovens em constante atividade, e principalmente, sob o controle da sociedade formal. Por exemplo, nos idos de 1970, os jovens permaneciam por demasiado tempo pelas ruas, ou em casa, sozinhos. Os pais trabalhavam, muitas vezes, desde antes do amanhecer, indo até muito depois do anoitecer, isto, contando com o tempo de deslocamento do trabalho até a residência. E a criminalidade cresceu rapidamente entre os jovens das classes menos favorecidas. E o consumo de drogas cresceu rapidamente entre os jovens das classes mais favorecidas.
Nos anos 1980, o governador do Rio de Janeiro: Leonel Brizola, foi um dos maiores defensores deste modelo de educação em tempo integral, implantando o sistema no estado em que governava. Esperava-se conter o avanço da violência juvenil e dar condições de inclusão social e ao mercado de trabalho. Foi muito criticado na época e o projeto foi implodido pelos adversários políticos. Mas de lá para cá, muitos outros políticos apropriaram-se da ideia, mudando uma coisinha aqui, outra ali, para ficar como de sua autoria e a escola de tempo integral foi ganhando o seu espaço.
Hoje, é muito discutida, e não há como negar o seu desenvolvimento e progresso dentro do complexo desenho social. Muitas leis foram criadas para regular e formatar este sistema educacional. Já não é mais um movimento relacionado a um ou outro individuo ou partido político, mas já faz parte da realidade da educação brasileira, o que demonstra agora pertencer a formação cultural brasileira. O debate agora é o de aperfeiçoar, elevando a eficácia e eficiência do ensino, também no que diz respeito ao ensino em tempo integral.
Autor: Arnold Gonçalves
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