Na verdade, a sua existência já é garantia de mudanças para o meio ambiente. Seja ela qual for, irá estabelecer um vínculo de degradação com a natureza. O seu trabalho é o de “beneficiar” algum produto produzido, de forma a ficar mais amigável as necessidades da sociedade. Assim vemos usinas de farinha, açúcar, hidroelétricas, combustíveis, etc. Para que o material manuseado fique mais “nobre” é necessário o consumo de enormes recursos e a produção de alguns dos piores elementos nocivos a saúde humana. É poluição garantida.
Não se discute a necessidade da existência de todas estas usinas, mas sim a forma predatória com que elas se relacionam com o meio ambiente. Tudo porque precisam demonstrar o máximo de lucro aos seus investidores e medidas de proteção ambiental reduzem as estatísticas de realização financeira. É extremamente complexo integrar lucro e preservação. E os órgãos governamentais que foram criados para regulamentar, monitorar e fiscalizar estas atividades; muitas vezes se veem reféns do poder financeiro de grupos econômicos que financiam o governo central do país.
Vejo aqui a obrigatoriedade de alterar o termo “mudar” para “melhorar” de forma a dar uma razão de ser a esta redação. Quem já viu o terreno de uma plantação de cana-de-açúcar recém colhida pode avaliar o estrago feito à natureza. Espaços vazios gigantescos, fétidos e praticamente inertes de vida. Não há a visualização de nenhuma árvore sequer, salvo alguma sobrevivente a beira da estrada. O interior do estado de São Paulo é generoso em nos ofertar estas paisagens. Mas, será possível transformar esta realidade?
As usinas são muito ricas, não há como negar. E por traz delas estão os usineiros, não menos ricos. Um mínimo de esforço para não extrair da natureza tudo o que ele pode produzir já é um progresso. Uma parte do espaço pode e deve ser reservada para as próximas gerações. É notória a existência de empresários que acumularam valores suficientes para umas mil vidas. E continuam explorando tudo de forma abusiva e destrutiva. Os governos atuais estão enfraquecidos diante deste poder econômico, assim, somente eles, os predadores, poderão patrocinar esta reversão e tomar para si a recuperação do meio ambiente. O que não será fácil de acontecer, porque a luz da razão está obscurecida pela sombra do valor dado ao deus dinheiro. Somente um poder maior vindo das forças da natureza mudará esta triste realidade.
Autor: Arnold Gonçalves
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