Discutir, no sentido de abordar as diversas faces do assunto, sim. Discutir, da forma que fazemos atualmente através da imposição, agressividade e intolerância, não. A sala de aula deve ser reservada para o desenvolvimento do conhecimento, e a política é uma das áreas que devem ser conhecidas e analisadas pelos estudiosos. Cabe ao professor desempenhar o trabalho de mediação, de absoluta imparcialidade, o que é muito difícil de realizar, dado o alto grau de envolvimento emocional que o assunto nos provoca.
Creio que a política, em suas variadas tendências, deva ser apresentada em sala de aula. O professor deve-se colocar como um apresentador que evita a todo custo a exposição de suas preferencias pessoais. Nesta situação não cabe a ele decidir o que é certo ou errado, mas sim levar ao conhecimento dos alunos o máximo de informação a respeito de cada movimento político, ativo ou não. O mais correto é trazer a luz fatos comprováveis e evitar conjecturas e abordagens abstratas, deixando esta divagação puramente restrita a mente aprendiz.
Á óbvio que, mesmo inconscientemente, haverá um certo direcionamento. Todos nós nos desempenhamos melhor quando lidamos com assuntos de nosso conhecimento e pelos quais nutrimos afeição. O que não pode acontecer é entrar em confronto com um aluno pelo fato dele ser contrário às ideias proferidas. A mensuração de aprendizagem e quantificação de notas devem ser totalmente baseadas em elementos práticos e objetivos inerentes ao assunto em questão. Nenhum aluno poderá ser avaliado por seus posicionamentos a direita ou a esquerda, ao centro ou ao retrocesso.
Quando assistimos a uma aula de química, nunca se discute sobre a poluição que ela gera. Quando assistimos a uma aula de biologia, nunca se discute sobre a ética no trato dos animais, e mesmo dos seres humanos. Quando estudamos informática, nunca discutimos sobre o desemprego que ela causa no mundo. E se é gramática, não se discute porque o certo é assim e não assado. Cada matéria é como um baralho cujas cartas são postas sobre a mesa com as faces para cima. Não permite discussão sobre seus valores mais íntimos e perversos.
Autor: Arnold Gonçalves
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