Como o próprio corpo da palavra nos diz, é o motivo que leva um ser a agir. As motivações básicas são aquelas ligadas a sobrevivência. Desta forma, alimentação e preservação da vida do corpo estão no topo da relevância. Não há como pensar em outra coisa se não estiver minimamente alimentado e com condições físicas para interagir com o ambiente em que se encontra. As demais motivações vem a seguir como uma pirâmide de importâncias para a obtenção da melhor forma de vida possível.
Seguindo com esta reflexão, certamente iremos nos deparar com algumas contradições que nos causam grandes dúvidas quanto a validade destas relevâncias. Como explicar o aumento exponencial do número de pessoas que se entregam ao suicídio, quando não, as drogas pesadas? Depressão, alienação, somatização... Tantas doenças “modernas” que vão de encontro à motivação de suprir as necessidades básicas para a sobrevivência. O que dirá em relação àquelas “menos” fundamentais para o viver, como cidadania, fraternidade, afeição, e até mesmo o amor.
Parece claro haver algo a mais do que a motivação do alimento e da saúde. Há existência de um elemento maior, que extrapola a nossa vida meramente física, e esta necessidade de acreditar em algo maior que a vida a qual conhecemos parece ter sobrepujança as demais. Sua deliberada supressão pelos poderes da sociedade vem causando um dano extremo para as pessoas enquanto ser individual. Acreditar que não há necessidade de acreditar em Deus está tornando todos os indivíduos em seres doentios. Não é seguindo cegamente padres ou pastores, como quer o poder social, que se conseguirá saciar esta necessidade íntima que em forma de raiz emana o crescimento da árvore das motivações para o complexo viver.
Sem sinceramente acreditar em algo maior, naturalmente não haverá motivação para qualquer que seja a ação, afinal, como disse Rita Lee: “No final, tudo vira bosta”. E para que lutar, se ao nada chegará. A verdadeira motivação está em crer numa realidade futura, que extrapola nossa existência física atual. Não há como manter-se motivado sem esta crença. Num primeiro momento, a motivação será em prol do deus dinheiro, mas ao alcançá-lo virá a decepção da constatação de que ele não é capaz de suprimir a maior necessidade humana.
Autor: Arnold Gonçalves
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