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Este é um dos mais conceituados filósofos contratualistas, que entendiam a sociedade como o resultado de uma espécie de pacto entre os indivíduos, até então viventes naturalmente e sem qualquer organização coletiva. Esta forma aparentemente simplória de entender o social foi alvo de severas críticas durante os séculos, mas havia neles um entendimento muito além da socialização de selvagens. O ser humano era caracterizado pela sua essência interior e não pela sua aparência externa. E qual seria esta natureza do homem? Pelo temor ao seu semelhante, por não saber o que pode esperar deste, o natural é a agressividade, o tão falado “o homem é o lobo do homem”, a guerra de todos contra todos, isto é o natural. Ao contrário dos antigos pensadores, Hobbes vê o homem naturalmente individualista e nunca social. Daí a expressão contratual, pois as pessoas convencionam, através da sociedade, não se atacarem mutuamente. O ser humano, longe de ser sociável por natureza, necessita de parâmetros rígidos para fugir de sua natureza individualista e agressiva. E somente com o aprimoramento da ciência política será capaz de evitar que vivamos constantemente em meio a guerras civis. Na forma natural, todo homem se acharia no direito de tudo, o que tornaria impossível a sobrevivência em proximidade de seus semelhantes. A descrição do homem hobbesiano retrata um ser muito mais voltado a necessidade do poder do que da riqueza. Esta é apenas uma parte do tudo objetivado por este humano. Há uma ligação intrínseca com a imaginação, já que o poder não pode ser mensurado objetivamente e a ilusão é corriqueiramente aliada de qualquer poder. Somente a instituição do estado soberano ao individuo pode deter esta ambição. A sociedade nasce com a constituição do estado. Desta forma, a liberdade individual deixa de ser um valor primário, e o coletivo impera. A figura do súdito é a de quem aceita enquadrar-se na coletividade. Haverá sempre a figura do governante que direciona este corpo coletivo. Desta forma, o coletivo torna-se uma unidade superior a um individuo solitário, e isto lhe dá grande vantagem na guerra generalizada que persistirá enquanto não haver um único corpo social. Neste esquema de estado absolutista, o súdito que se rebelar tem o direito a voltar à natureza. Sendo assim, não há necessidade do estado mantê-lo preso ou matá-lo, mas uma vez fora do coletivo, poderá ser sumariamente eliminado pelo mesmo. Uma vez individualizado, este súdito deverá rapidamente se adequar a agressividade natural se quiser sobreviver um pouco mais. Desta forma, o medo e a esperança de cada individuo são pesos numa balança de vida ou morte. A esperança de viver mais e melhor dentro de um coletivo, do que certamente viveria individualmente, é um contrapeso ao medo de ser esmagado pelo poder soberano. Por outro lado, a esperança de conseguir tudo que deseja individualmente é contrabalançada pelo medo real de ser eliminado sumariamente pelo seu semelhante em um mundo regido absolutamente pela natureza. Autor: Arnold Gonçalves |
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