|
Em tese sim, mas quantos cidadãos são capazes de acompanhar os tantos nuances de um orçamento público? Muito pouca gente, certamente. Desta forma, somente uns poucos entendidos no assunto têm aptidão para esse acompanhamento, e dentre eles, quantos teriam tempo para realizar este trabalho, já que todos nós estamos por demais envolvidos nas duras tarefas de sobrevivência. Isto não quer dizer de devemos abandonar o acompanhamento sobre onde anda o dinheiro que depositamos ao poder executivo através dos inúmeros impostos pagos todos os dias. Os traçados das ruas, os calçamentos, as praças, os parques, os postes de iluminação, escolas, hospitais, viadutos, etc. São muitos os lugares onde são enterrados os impostos pagos pelo cidadão. E estes pequenos pontos podem ser observados com facilidade por qualquer pessoa. Ainda assim, ao localizar um problema qualquer, o asfaltamento deficiente que não resiste a primeira chuva, não se tem informação sobre quem responde ou pode resolver alguma coisa a respeito do problema. É quase impossível saber quem realizou a obra, quanto cobrou, qual produto usou... Nada se sabe, parece até obra do Divino. Deus deve ter descido dos céus num belo dia e jogado um pouco de piche para tampar uns buracos naquela rua. Diante de um quadro de absoluta desinformação, é necessário um movimento coletivo e não apenas individual de acompanhamento do funcionamento dos organismos públicos e do uso dos recursos. A transparência não interessa a muita gente e por conta disso é necessário cuidado e respaldo técnico e jurídico ao lidar com o assunto. Um cidadão comum, na realidade vigente, pouco pode fazer a respeito. O entendimento do tema fica mais claro de compreensão se colocado em situação inversa. Não é acompanhando o orçamento público que o cidadão irá valorizar o país, mas sim, valorizando o país é que os cidadãos irão se unir no interesse em acompanhar o orçamento público. Enquanto não entendermos que todos os bens públicos são nossos não haverá valorização. Enquanto só dermos valor ao que é exclusivamente e individualmente nosso, não haverá país nenhum. Autor: Arnold Gonçalves |
Redação anterior |
|
Próxima redação |