Assim como a pena e a caneta tinteiro foram parar nos museus, as atuais canetas esferográficas parecem ameaçadas a terminarem no mesmo destino. Os meios de comunicação estão expandindo fronteiras e o ato de ler e escrever vem deixando de ser o principal meio de passar informações. A alfabetização baseada apenas no letramento convencional vem demonstrando insuficiência para elevar os padrões de aprendizagem entre os mais jovens.
As crianças são expostas desde muito cedo a outras modalidades de comunicação, sobretudo àquelas ligadas aos meios digitais, e é através deles que a ideia do multiletramento ganhou adeptos pelo mundo todo. Há quem seja contra e diga que isto só irá deteriorar ainda mais a formação das crianças, mas o avanço tecnológico está aí e os bebês estão diariamente diante das telas de celulares e computadores.
Desta forma, os professores, sobretudo os ligados ao campo das Letras, estão tendo que se reinventar. Ao contrário de áreas como história e geografia, que sempre usaram recursos visuais e espaciais para enriquecerem o conteúdo, o ensino de Línguas, particularmente da gramática portuguesa, sempre foi quase que exclusivamente baseada em letramentos.
Os defensores do multiletramento acreditam que a sociedade deva aprender a ler e escrever perfeitamente, mas o ensino deve ir além, oferecendo a associação entre as letras e as imagens, áudios, vídeos, e tudo mais que é corriqueiramente utilizado pela maior parte da população. Signos muito mais usuais no cotidiano do que o próprio alfabeto de letras, assim como palavras e frases resultantes de sua composição.
Autor: Arnold Gonçalves
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