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“O homem não pode mais ser considerado apenas como uma criatura cujo interesse fundamental é o de satisfazer as pulsões, de gratificar os instintos”. As pessoas são algo muito maior do que uma complexa máquina de produzir e consumir. Nunca na história humana chegamos tão perto da saciedade e o resultado foi surpreendentemente negativo. Pessoas saudáveis, vigorosas, bonitas, alimentadas, acolhidas, ajustadas e atuantes na sociedade, mas que padecem da falta de sentido para a vida e alimentam o desejo de cessá-la em busca de uma solução. “O paciente estava perfeitamente ajustado e atuante, mas o sentido da vida tinha se perdido. O fato é que o paciente não tinha sido aceito como um ser humano”. Nesta organização social contemporânea extremamente competitiva as pessoas são estimuladas ao individualismo e competição desenfreada, porém disfarçada por cartilhas de bons modos e práticas de boa vizinhança. A concorrência não permite a aproximação entre as pessoas e a sensação de desumanização cresce quanto mais se aprofunda neste processo e se torna “bem-sucedido”. “A sintomatologia do vazio existencial que gostaria de chamar de tríade da neurose de massa: a depressão, a agressão, e a toxicodependência”. A pessoa sem perspectiva positiva perante a vida reflete ao menos um destes três comportamentos. E não precisamos assistir aos noticiários para constatar que muitos estão apresentando estes sintomas, eles nos rodeiam o tempo inteiro pedindo inconscientemente por socorro. As religiões tentam ocupar este espaço de apoio, mas esbarra na falta de respostas e no incompatível comportamento de seus principais representantes. “O ser humano deva sempre estar endereçado, deva sempre apontar para qualquer coisa ou qualquer um diverso dele próprio, ou seja, para um sentido a realizar, ou para outro ser humano a encontrar, para uma causa à qual se consagrar ou para uma pessoa a quem amar. Somente na medida em que consegue viver essa auto transcendência da existência humana, alguém é automaticamente homem e automaticamente si próprio. Assim o homem se realiza, não se preocupando com o realizar-se”. Sempre a palavra AMOR. “Amai-vos uns aos outros”, velha frase dita pelo grande profeta, mas que nunca chegou a ser moda ou de difundido uso. O humano realizado é aquele que ama, pois o sentido da vida é o amor. Neste mundo infeliz não costuma haver espaço para o amor. O hábito impiedoso reina e tudo que esperamos do próximo é a indiferença, o desprezo, a dor. Devemos ir muito além de posições sociais, religiosas, econômicas ou políticas. Precisamos ignorar tudo o que nos impele a falta de sentido para a vida. Foque no além, no legado, no bem que poderá realizar. Pratique o acreditar de que o impossível de hoje será o possível do amanhã. Bibliografia:
Autor: Arnold Gonçalves |
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